segunda-feira, 1 de março de 2010

Matemática aplicada

Dizem que Mark Cuban, proprietário do Dallas Mavericks, não entende nada de basquete. Talvez por isso ele tenha contratado, no ano 2000, os serviços de Wayne Winston, professor de Matemática da Universidade de Indiana e autor do blog "Mathletics", que analisa, com números, o desempenho de atletas e times de diferentes modalidades. Wayne também é autor do não menos excelente livro com mesmo nome do blog, obra de cabeceira de nove entre dez diretores das franquias de esportes americanos. Para desvendar os mistérios do trabalho de Wayne o Bala na Cesta bateu um papo com ele.

BALA NA CESTA: Como começou o seu trabalho com o Dallas Mavericks? É verdade que você só se encontrou com o Mark Cuban uma vez ao vivo?
WAYNE WINSTON: Começamos a trabalhar no ano 2000. Presto serviço de análise de adversários e dos quintetos que o Dallas coloca em quadra. O Mark transmite isso à comissão técnica, mas nunca falei com sequer um treinador dos Mavs. E, sim, só me encontrei com ele, ao vivo, uma vez. Ele é um bom patrão: manda e-mails, liga, pergunta, é sempre educado. Bem diferente do que aparenta...

-- Como este seu sistema de análise funciona?
-- Analisamos os jogadores a partir do que eles produzem. É um “+/-“ com um pouco mais de molho. Olhamos para o que eles produzem em quadra e o que no que seus desempenhos impactam na partida de um modo geral. Por exemplo: ultimamente,com exceção do Jason Kidd, os armadores do Dallas têm jogado pessimamente na defesa.

-- Mas técnicos e general-managers dão verdadeiro valor aos números?
-- Os números são uma parte de analisar os jogadores, e por isso acho que os scouts têm uma grande importância no basquete. Mas não é tudo, evidentemente. Uma coisa, porém, eu posso dizer: em um jogo tão estudado, com tantas mudanças e tendências, quem não se escora em dados concretos está a um passo da morte. Não significa que você precisa ficar com uma planinha de dados o tempo todo, mas tampouco pode se distanciar muito dela. E para aqueles que não gostam de números, eu sempre digo o seguinte: o objetivo final é sempre o mesmo (ganhar), e se os números te dão uma pista de como fazer, por que não utilizá-lo? É básico, não?

-- Kevin Durant, um dos maiores destaques do Oklahoma nesta temporada, ano passado foi massacrado por conta de seu +/- negativo. O que dizer sobre isso?
-- Que é verdade absoluta mesmo. Durant realmente machucou seu time nos dois primeiros anos – quando atuava, seu time jogava ainda pior do que quando ele estava fora. Mas as coisas mudaram nesta temporada. Durant está fazendo um campeonato soberbo, sua evolução é nítida, e hoje ele é um dos melhores da liga.

-- Como seus números enxergam os brasileiros, aliás?
-- Muito bem, muito bem mesmo. Colocamos o Nenê e Anderson Varejão com 12 pontos positivos quando estão em quadra. Nenê é 9 pontos melhor no ataque, e três na defesa. Anderson, um monstro na defesa, tem 10 marcando (segundo melhor índice da liga, atrás apenas do Dwight Howard), e dois no ataque. Ambos estão entre os 20 mais eficientes da liga.

-- Por fim, duas perguntas “fáceis”. Quem são os melhores da NBA e qual será o campeão da liga?
-- Fácil, hein (risos). Os quarto melhores são Dirk Nowitzki, LeBron James, Dwyane Wade e Kevin Durant. No pivô, Dwight Howard seria o meu escolhido. Como time campeão, eu voto nos Lakers (se estiverem saudáveis), mas não descarto Cleveland e Orlando Magic, não.

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